Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna
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Autor: Willer, Claudio Jorge
Acervo: (us) Universidade de São Paulo
Categoria: Doutorado
Resumo: A presente tese é sobre gnosticismo, doutrina religiosa da Antiguidade tardia, em sua relação com a poesia. Procura circunscrever seu âmbito, definir suas características e localizar seus principais temas: entre outros, o dualismo, os mito do demiurgo, das duas almas, do andrógino primordial, sua noção do tempo e sua relação com hermetismo, astrologia e alquimia. Mostra como mitos e temas gnósticos e até um estilo, um modo gnóstico de escrever, reaparecem ou são retomados por poetas românticos, simbolistas e modernistas, inclusive aqueles de língua portuguesa. Entre outros, examina William Blake, Novalis, Gérard de Nerval, Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé, Lautréamont, Breton, Fernando Pessoa, Dario Veloso e Hilda Hilst. Sustenta que, sendo arcaico e anacrônico em seu dualismo e sua complexa cosmovisão e teologia, ao mesmo tempo o gnosticismo pode ser associado a uma mentalidade moderna e, como parte dela, a criações literárias, algumas inovadoras, pelo caráter sincrético e por formular uma crítica total, cósmica, na era da crítica. Também mostra como poetas não apenas absorveram ou reproduziram aquela doutrina, mas o fizeram de modo pessoal e original, transformando-a e reinventando-a. E, principalmente, como, utilizando suas categorias e temas, tentaram promover uma subversão do senso comum, da percepção instituída do mundo, justificando paralelos do gnosticismo como misticismo rebelde com a rebelião romântica e seus continuadores.